Você já sentiu uma conexão com o trabalho de alguém e pensou: se um dia eu precisar de tal serviço, vai ser com ela que vou realizar?! Foi mais ou menos assim que me senti quando me veio à mente o logotipo da Lunga, depois de decidir o nome da agência. Senti que não poderia ser com outra pessoa senão a artista plástica Aline Fraga Seelig a realizar essa arte. E o processo criativo foi compartilhado e, de imediato, absorvido por essa mulher que, além de uma grande artista, é minha amiga pessoal.
Aline nasceu em Jaguariúna, município da Região Metropolitana de Campinas, em São Paulo. Após alguns anos, veio para capital do estado, onde vivemos hoje e nos conhecemos. Na entrevista abaixo, ela conta pra gente um pouco da sua história e de como foi o processo criativo para a logo da Lunga.
Leia a seguir:
Conta pra gente: como você começou a sua carreira de artista?
Sempre ganhei dinheiro com arte, acho que desde o primeiro ano da faculdade, eu fazia ilustração e, no último ano, minha mãe veio fazer uma mudança minha e quando ela entrou no meu quarto, eu tinha mais de 400 ilustrações, porque eu ficava o dia inteiro na frente da televisão ilustrando em aquarela.
Eu fiz faculdade de moda, então todas as ilustrações eram feitas baseadas em Moda, aí minha mãe falou assim “caramba aline, esses desenhos são incríveis” e eu fazia tudo, fazia palhaço e não era lúdico e minha mãe falou “ou eu vou atrás do circo de solei, que acho que tuas roupas podem chegar lá ou eu vou atrás de gente muito foda aqui em são paulo”. E ela foi atrás de gente muito foda que foi a Joyce Pascowitch, e a diretora de arte da Joyce me deu liberdade para fazer ilustração de aquarela.
Eu desenhei pra água de coco, e marcas grandes. Então voltei para minha cidade com a segurança de que poderia viver de Arte. Minha mãe conhecia muita gente, então ela começou a enquadrar minhas ilustrações e vender e aí eu falava “Caramba, aquilo que eu fazia no sofá enquanto assistia à sessão da tarde – que era o que eu fazia – dá para viver de algo que eu fazia naturalmente”.
E assim, eu aprendi a respeitar o meu trabalho e a respeitar quem eu sou.
Qual é a base ideológica da sua obra? O que busca expressar?
Esses dias eu parei para ver as obras que fiz quando morava em Barcelona e eu me diverti muito vendo elas. Era uma diversão sem tamanho! Existia também uma coisa negativa, do assédio e tal, mas era muita diversão.
E quais técnicas você usa?
As técnicas para mim sempre foram orgânicas. Tipo, aquarela foi orgânica. Minha mãe ganhou uma aquarela do meu avô por parte de pai, uma aquarela do Rembrandt. Minha mãe me deu quando me mudei para São Paulo, eu estava com 17 anos, eu colocava ela de um lado e o papel do outro e ficava desenhando. Eu comprei um Ipad quando eu já estava pedindo muito para algo, acrílica (técnica), eu fui entendendo a acrílica.
Técnica para mim é aquilo que é confortável para a gente.
Aquarela e acrílica sempre foi muito confortável para mim, o que é um monstro para as pessoas. O Ipad, para mim, foi a melhor experiência que eu tive na minha vida profissional.
Tem alguma que você considera a sua obra-prima?
A melhor tela que eu já pintei até hoje foi a Nossa Senhora Aparecida de 1X20 metros por 1X20 metros. Essa arte me transformou.
Era aniversário do meu pai e eu morava em Barcelona, então entrei em um cabine telefônica para ligar para ele, mas eu não consegui falar com ele porque ele teve uma arritmia, quase infartou por estar ansioso porque ia para a Europa também. Então pintei essa Nossa Senhora Aparecida e voltei para o Brasil porque não aguentava mais ficar longe deles.
Agora vamos falar sobre como foi o processo criativo de desenvolvimento da logo da Agência Lunga?!
Depois que fiquei mais segura em relação a minha identidade, a Lunga foi tranquila e quando a Babbi me propôs diversidade que é uma coisa que eu já trabalho, porque não gosto de trabalhar com identidade única.
Eu sou apaixonada pela identidade africana, não sei de onde veio isso. Sou filha de uma mulher baiana, mas eu não estive muito na Bahia. Quando eu entro em um terreiro, eu sinto demais as Entidades e tudo mais.
A Babbi está sempre indo além, onde a gente não tem acesso. Eu sentei e fiz com uma naturalidade tão grande, pensando naquilo que você faz. Quando eu penso em você, no seu trabalho, onde você chega, as pessoas em quem você chega, eu não estou pensando em sexualidade, não estou pensando em gênero, eu não estou pensando em nada, apenas pensando aonde você quer chegar.
A Lunga para mim é isso, é liberdade de tudo! É dar visibilidade para as pessoas que estão em camadas mais ‘invisíveis’.
O que envolve os elementos criativos da marca expressos na logo?
Para mim as figuras não têm uma forma própria, o ser humano é diversificado na minha cabeça, eu não consigo olhar para você e só você. Eu vejo você, vejo sua alma, vejo suas camadas e acho que meu desenho é meio que isso. A minha arte nunca define o que é por si só. Eu, Aline, filha de quem eu sou (entidades), sempre vou representar mil figuras em uma.
Quando a Babbi me pediu para fazer essa figura, foi muito natural para mim. Foi gostoso, essa figura para mim, ela é tudo. Ela é uma mulher, é um homem, é um negro, um nativo, é tudo!
Na logo que eu fiz, você não consegue ver uma criança, você não consegue ver uma mulher, um homem. Você ver tudo, ver cor, ver um pássaro, uma planta e eu queria que todas as minhas artes fossem representadas assim.
Bem, o resultado você já deve ter visto, mas caso não tenha, confira no nosso Linkedin e Instagram e aprecie a beleza dessa arte! Agradeço à Aline por expressar exatamente o que a Agência Lunga é através da nossa logo.
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